segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Estou em choque...

...com a reportagem que vi na TVI, sobre as dificuldades que as familias enfrentam para conseguir sobreviver e criar os respectivos filhos. Não é que não saiba, e bem sei do poder que a televisão tem para manipular opiniões, mas no que diz respeito a este assunto, sei que é assim porque basta olhar á minha volta, é esta a realidade.
Lembrei-me logo do nosso ilustrissimo Presidente da Republica a dizer "o que é preciso para se fazerem mais crianças?"....foda-se fiquei logo a ferver.
Não vou entrar em pormenores de orçamento, acho que é bastante chocante mesmo assim sem numeros.
No meu entender, um filho deve ser resultado do que duas pessoas sentem uma pela outra. Como é que o Excelentissimo Senhor Presidente da Republica acha que se conseguem fazer mais bébés, se as pessoas são levadas pelas exigencias da sociedade a correr desenfreadamente para sobreviver, a passar cada vez menos tempo com os filhos, a dedicar cada vez menos tempo à pessoa com quem partilha um caminho, a dedicar ainda menos tempo a conhecer-se, a interpretar o que sente.
Hoje em dia parece que as pessoas nem tem tempo sequer para sentir.
Tenho a sensação que a maioria dos casais jovens de hoje partilham uma vida para ajudar a suportar as dificuldades financeiras e não pelo que sentem.
Vivemos os melhores anos da nossa vida a contribuir para uma sociedade que á primeira falha nos considera velhos para o mercado de trabalho.
Olho á minha volta e sinto me assustado, onde é que vamos parar?
Estão a dar cabo do tecido humano que mais contribui para este pais andar, nas empresas dizem "Ah e tal as pessoas são o activo mais precioso que temos...." Quando oiço dizer isto fico em acido, filhos da puta, depois na practica, são esses os primeiros activos a serem alienados(economicamente falando).
Tenho a sensação que a nossa sociedade está a entrar, se é que não está já, numa depressão colectiva.As pessoas entram em depressão porque não vivem, são obrigadas a sobreviver.
Hoje em dia os jovens pensam duas vezes antes de sair de casa dos pais, pensam duas vezes antes de investir numa relação(relações essas que entretanto se tornaram descartaveis). Como é que queriam que não houvesse cada vez mais divorcios na nossa sociedade, se as pessos deixaram de investir nas relações, de ter a capacidade de saber interpretar o que sentem, pois estão demasiado ocupadas a tratar dos filhos, ou da casa, ou do trabalho.
Sinto que estamos a mudar, a caminhar para um abismo.
Será que o senhor Presidente da Republica sabe das dificuldades das familias portuguesas, dos jovens portugueses, das pessoas que contribuem com o seu suor para fazer este pais andar para a frente?É que se não sabe é grave, o que é que anda cá a fazer?Não que seja o culpado por isso, mas que deu a sua contribuição, deu. E alem disso perdeu uma boa oportunidade para estar calado.
Assim não brinco mais.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

...

"E tu, mana?Sim, tu. Aproxima-te.
Almoçarads com as amigas, saia nova, blusa nova, amanhã uma mala que viste e tens que ter, gargalhadas, jantaradas com mais amigas, martini, vinho, misturas que não aguentas, shots de vodka, copos com uma cena azul a arder em cima, tu e as amigalhaças aos penaltis como antigamente só os homens, mais risos, depois choros, emoções à flor da pele, um prazer imenso pelos problemas que tens, mais os que inventas e que são a maioria, a rires mas a sofreres porque achas que o teu marido, contas não contas, contas não contas, ai meu deus contas não contas, claro que contas, senão para quê as jantaradas com as amigas, ombros fraternos que te amparam a lágrima que suja o olho, diz lá mana, se mesmo angustiada pela inquieta confissão de golpe no amor, se mesmo sangrada pela duvida, catrapiscas o chavalo de liceu da mesa ao lado, a ver se lhe lês na expressão ainda despida, ainda inocente, onde borbulham hormonas aos saltos, a certificares de que te acha, que alguêm ainda te acha bastante comestivel. Chamas-lhe amor-próprio. As amigas concordam e todas choram. Depois pedes mais um copo e todas riem."

"...as pessoas falam de felicidade, de poder, de dinheiro suficiente para não pensar nele, do conforto de um dia de sol, do riso das criançs, do simbolismo dos pequenos gestos, as pessoas passam uma vida inteira a fingir que não são animais, esta prisão já não temos valha-nos isso, chamas bichinha à rata, nunca dizes broche mas fazes broche, pesas palavras como se elas importassem, acumulas conceitos louvaveis e civilizados para te poderes perdoar, pecado e redenção, dizemos ai eu não devia e fazemos à mesma, nas ressacas juramos sempre que nunca mais bebemos, pecado e redenção, eis o que nos ensinam, reinventam-se sinonimos mascarados, palavras, excesso de palavras que te cercam, relaxa, respira, goza, sexo é poder, rapariga, ou melhor, e bendita lingua que permite esta simplicidade:foder é poder.
Aguenta-te."

Rodrigo Guedes de Carvalho, "Canário".

Carta ao Anjo da Guarda

Duas pranchas queimadas, mais duas partidas, três leash* partidos, não achas que já dormiste demais?
Bem sei que se calhar está na hora de abrandar um pouco, alguem me dizia, tu põe-te alerta, olha que isso é um sinal.
Só não consigo assimilar o prejuizo e a dificuldade de contruir mais um conjunto de pranchas, do zero....enfim.
ACORDA, OK?JÀ É ALTURA.

* cordinha que prende o marmanjo à prancha.
Cla-Problema de Expressao
R.A.D.A.R- Track 02
Ornatos- Chaga
Susana Félix - Flutuo