quarta-feira, março 22, 2006

Ver claro

Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.


Eugénio de Andrade, Os Sulcos da Sede.

1 Comments:

Blogger Xuinha Foguetão said...

Bonito e verdadeiro...

Às vezes o nosso nevoeiro não nos deixa as coisas simples e por vezes que o sol continua lá.

Beijocas.

22 março, 2006 12:52  

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