quinta-feira, maio 18, 2006

Associação Livre.

Hoje apetece me falar do que recordei esta manhã.
O meu primeiro emprego foi numa grande superfície, na altura ainda era o supermercado Ibérico, em Telheiras.
Na altura estavam a implementar o conceito das garrafas de tara perdida, o que acabava com o negocio do vasilhame e que fez com que os hiper-mercados em redor deixassem de receber o dito. O Ibérico era o único que recebia :).
Consistia no seguinte: as meninas no balcão da recepção recebiam as garrafas, tinham um elevador por trás que enchiam até não caber mais e eu encontrava-me no armazém a descarregar o elevador, enche-lo novamente com grades vazias, depois tinha que agrupar o vasilhame em “palletes” e colocar as respectivas na outra ponta do armazém, e isto tudo sozinho sem ajuda de ninguém, de manhã à noite.
Havia alturas em que tinha que andar a desviar “palletes” do meu tamanho para conseguir passar de um lado para o outro. Tinha grupos de grades vazias que batiam no tecto do armazém.
O segundo e que mais me marcou foi com o Padrinho do meu irmão numa loja de reparação de electrodomésticos representante da Grundig.
Acartei televisores, frigoríficos, máquinas de lavar, muitas vezes 3 e 4 andares sem elevador.
Entrei em casa das pessoas, umas muito ricas a outras muito pobres, coisas que nem eu tinha ideia que existiam, em ambos os sentidos.
Entrei um dia em casa de um casal de idosos num 4º andar sem elevador, que não saiam à rua há meses e que viviam da caridade das pessoas que lá iam. Nesta e noutras situações, o padrinho do meu irmão, com o seu coração gigante, simplesmente não tinha coragem para cobrar.
Enquanto arranjava uma televisão no Restelo, entrou pela sala completamente careca o dono a dizer que estava com cancro em fase terminal e que estaria prestes a falecer, a frieza das suas palavras impressionou-me.
No casal ventoso a degradação era tanta que, uma das vezes ao passar lá, lembro-me de uma mulher a distribuir doses de droga aos toxicodependentes como se de milho para as galinhas se tratasse.
E etc, etc, etc podia continuar mas por agora fico por aqui.
Todo o suor que derramei e tudo o que vi à minha volta, fez-me parar para pensar e ficar mais convicto do que queria.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pois...

18 maio, 2006 14:40  
Blogger Rosa said...

Eh pá, há um verbo para isso que tu descreves... deixa ver se me lembro... ai, como é que é mesmo... ah, é verdade: viver. :)*

P.S.: Ainda tens que me explicar o que é uma "sala completamente careca"... :Þ

18 maio, 2006 15:09  
Blogger pp said...

Particula :).

Rosimary,
já adoptaste a cena das reticencias ;), ah pois éééééé.
Sim podemos chamar-lhe isso.

Tanta coisa por causa de uma virgula caraças, LOLOLOLOL, foi o unico foi????

:)*

18 maio, 2006 16:16  
Blogger Rosa said...

Adoptei? Nada disso, miúdo. As reticências são para se usarem... quando fazem sentido! Só e apenas quando fazem sentido. ;)

E, não, não é por causa de uma vírgula. Trocaste os complementos. É o típico caso do "jogador com dores no relvado"... :Þ

18 maio, 2006 17:05  
Blogger pp said...

LOLOLOL....Leva lá a bicicleta...LOLOLOLOL

18 maio, 2006 17:08  
Blogger Seamoon said...

poxas.....

18 maio, 2006 17:30  
Blogger pp said...

Apesar de tudo, fez-me muito bem, tenho que admitir.

18 maio, 2006 17:33  
Blogger teresa.com said...

nada como trabalhar com o coraçao!

18 maio, 2006 18:33  
Blogger MT said...

Livra e eu que pensei que o meu primeiro trabalho de mês e meio, numas férias para ganhar uns trocos, nessa belissima "company" chamada "quinta do tio donald", tinha sido má. Que a humilhação era o pior que podia acontecer, estava completamente enganada.
Nada pior do que ser confrontado com vidas tão diferentes da nossa, que são de uma realidade tão distante que quase se tornam irreais, até porque nos ensinam que as nossas pequenas preocupações são completamente fúteis. É muito cruel ser puxado ai para a realidade.
Na verdade somos uns priviligiados...

19 maio, 2006 00:19  

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