Para ti meu mais irmão que primo

Domingo de manhã liga-me o meu primo a dizer que lá para o final do dia chegava, pois tínhamos combinado que lhe emprestava a casa para ele passar estes três dias com a namorada.
Do que te conheço e já vivi contigo, com o dia que estava pensei que dar um mergulho fosse das primeiras coisas que fizesses, mas não foi. Ligaste-me quando estavas a chegar, eu estava a caminho da água para mais uma sessão de carreirinhas, ainda disse um “se te despachares ainda me apanhas”, mas na realidade eu queria era mesmo que tu viesses, mas disseste que não e que ias comer um hamburger. Comecei logo a fazer juízos de valor, “Então vais comer um hamburger a esta hora chaval?” – disse eu com ar reprovador. Ele não cedeu. Acabei por ir sozinho, a ralhar comigo mesmo por não admitir que as pessoas podem mudar e fiquei a pensar se não seria dependência da minha parte ou egoísmo meu, não admitir que, mesmo podendo ser algo improvável, tu possas estar a viver de outra forma, outras coisas e que te sintas bem por isso. Quem sou eu para achar o que tu sentes ou não. Tenho a sensação que isso me afecta mais a mim do que a ti. Eu só queria matar algumas saudades do que já vivemos.
Por isso olha, desculpa e vive a tua vida como quiseres e achares melhor, sabes onde eu estou sempre que precisares.